Escola Tasso da Silveira exibe nova fachada e painel feito por alunos


Colégio de Realengo foi invadido por atirador que matou 12 e feriu 10.
Mensagens otimistas são impressas em azulejos.

Tasso da Silveira (Foto: Carolina Lauriano / G1)Escola Tasso da Silveira tem nova fachada, com azulejos trabalhados por alunos e professores (Foto: Carolina Lauriano / G1)
Oito meses após a tragédia na Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, na Zona Oeste do Rio, quando um atirador matou 12 crianças e feriu outros 10 estudantes, a unidade, que passa por reformas, já apresenta uma nova fachada, além de dois painéis de azulejo feitos pelos próprios alunos e professores. Até a entrada do colégio também mudou. Agora, fica na rua ao lado, o que ajuda ainda mais a apagar as referências do passado traumático de cada um que frequenta o local.
Todos os estudantes participaram de oficinas de arte, ministradas pela arquiteta e urbanista Laura Taves, durante quatro meses. O resultado são cerca de 1.500 desenhos em azulejos, que exibem amor à escola e mensagens otimistas. O painel com esses desenhos, que ficará no pátio, começaria a ser instalado na tarde desta quarta-feira (14), mas por conta de um desnível no muro, o trabalho foi adiado. O outro painel, que também teve a participação de alunos e professores, já foi instalado na fachada. Ele mede cerca de 120 metros quadrados e possui mais de cinco mil azulejos.
“Foi um desafio muito grande. Primeiro você fazer um projeto plástico de qualidade numa arquitetura grandiosa já é um desafio, e com o histórico da escola era um desafio ainda maior”, disse Laura, idealizadora do projeto.
A urbanista acredita no poder transformador da arte. Foram 36 turmas e uma gama de idades que ia dos 9 aos 87, já que a escola tem turmas noturnas para adultos. “Fiquei muito impressionada com a força, a união, e eu posso dizer porque eu tenho 10 anos de experiência com escolas públicas. Fiquei muito encantada. No dia que eu cheguei já vi o pessoal para cima, e aquilo me deu um impacto muito forte. Claro que um projeto de azulejo não muda nada na vida de ninguém, mas acho que a arte tem um poder renovador. E comprovo isso todo dia aqui”, afirmou.
Para o diretor da escola, Luiz Marduk, o projeto foi importante para a superação da escola. “Tem um sentimento ainda de muita tristeza, muita dor, mas é um momento muito avançado de superação. E esse painel tem a marca desse momento que estamos vivendo. Eu sempre coloquei a arte como elemento de superação”, disse.
O sentimento das crianças era de orgulho ao verem parte do painel montada em cima da mesa. “Eu fiz um monte de coração, cada um escrito uma coisa, como amor e paz. Achei muito legal trabalhar em cima do azulejo. Daqui a alguns anos a gente vai ver a escola nova, firme e forte, depois de tudo o que aconteceu”, disse Júlia Elleres, de 12 anos.

“Fiz o um vaso com rosas dentro e escrevi o que eu sentia pela escola, como amor, felicidade, amizade”, disse Larissa Cristina, também nde 12 anos.
Thayene Deplan, de 11 anos, contou que desenhou uma grande borboleta. “Depois do que aconteceu, as borboletas estão em volta da escola, para dar uma vida melhor a todos que sofreram, dar mais alegria”, explicou ela.
O jovem Rodrigo Aguileira, de 15 anos, deixou registrado no azulejo um de seus poemas: “Não sei se dentro de você existe um pouco de mim, mas dentro de mim existe muito de você”.
Ágora
Laura explicou que batizou o projeto como Agora/Ágora depois de usar em um dos painéis a frase “a poesia é o presente", de Ferreira Gullar, a qual é seu lema de vida. O painel da fachada da escola tem escrito “escola agora” nos azulejos. Além disso, ela diz que fez referência à praça grega, Ágora, um local de encontro, de democracia e aprendizagem.
Os azulejos com os desenhos individuais dos alunos, dos professores, do diretor e dos funcionários ficarão em um painel de 34 metros de comprimento por 1,70m de altura. Quem passar na rua vai poder ver o trabalho, já que a escola terá grades transparentes.
“É mobilizador e é aglutinador. É um projeto coletivo onde a individualidade de cada um é respeitada. Tem o nome da pessoa que fez e a turma”, explicou.

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